Eis a questão... Como trabalho há alguns anos com revisão e copidesque, me deparei com uma situação inesperada ao me posicionar no lado inverso da produção editorial: em vez de ser contratada por uma editora para prestar esse serviço (e, assim, receber as regras de revisão da casa), contratei uma profissional para fazer a revisão final de um livro que estou coordenando e bancando o lançamento (aguardem! em breve postarei detalhes sobre esta minha primeira aventura...).
Quando ela me devolveu o original "rabiscado", fiquei maluquinha ao ver que já havia feito as correções de acordo com a nova reforma ortográfica! Resolvi, de imediato, consultar o "pai dos burros". Não pensem que se trata do Aurélio ou do Houaiss... E sim do Mário Feijó, nosso grande professor em relação a tudo o que diz respeito a texto. Vejam a resposta dele:
"Lá no CCAA os livros já estão saindo no novo acordo. Eu escrevi um livro inteiro do único jeito que sei (o antigo) e entreguei. A revisora ajustou tudo. Eu olho e acho esquisito, vou demorar para me acostumar.
A Record está se preparando para a transição, treinando a mão-de-obra. A Moderna está fazendo a mesma coisa. Os livros para 2009 já devem sair atualizados.
Por enquanto, é opcional usar a ortografia nova ou a antiga. O acordo prevê um tempo para transição. Acho que de cinco anos. A tendência é que materiais novos sejam publicados na nova ortografia.
No momento, a pergunta é: o leitor do seu livro vai estranhar a nova ortografia? Usar a ortografia clássica não prejudicará em nada as vendas e agradará mais ao leitor, tenho certeza.
(...) Se estiver falando do livro que você está editando, eu sugiro seguir a ortografia clássica. No CCAA, fui convencido a seguir o novo acordo porque, para um paradidático, ser atualizado com essas coisas é útil para as vendas. Nos seu caso, fará diferença?"
Pois bem... Até 2013 (com certeza!), teoricamente, os livros por impulso parecem estar safos dessa correria maluca rumo aos ajustes ortográficos. Mas, levando a questão à revisora, ela me disse que todos os trabalhos que têm feito para editoras de didáticos e paradidáticos estão com a exigência de já serem padronizados na nova ortografia. Isso vai ao encontro ao que o Mário falou sobre a editora do CCAA...
Quanto a mim, continuo na dúvida do que faço... Satisfaço o leitor acostumado com tremas e afins ou mudo logo o texto, visando à economia nas reimpressões? Me vejo numa situação pior que à de Hamlet: mudar ou não, eis a questão!
O que vocês acham? Como tem sido isso na rotina de vocês como estagiários ou profissionais de editoras?