Creative Commons

Há algum tempo queria postar algo sobre o Creative Commons e agora parece propício aproveitar essa disputa de editoras pelo direito de publicação do romance da Sherry Jones para trazer esse assunto para o debate.

O Creative Commons é uma resposta a uma contradição nascida na era da internet: de que vale ter acesso a uma quantidade gigantesca de informação e poder compartilhá-la com pessoas do mundo todo em blogs como este se a grande esse manancial de idéias está protegido e não pode ser utilizado sem autorização expressa do autor?

A indústria fonográfica foi a primeira sofrer com essa inaptidão do direito autoral em lidar com um desejo legítimo dessa sociedade, em que as coisas são cada vez mais fluidas, quase intuitivas: nós queremos trocar músicas, e daí? Daí que depois dessa queda de braço muitas gravadoras fecharam as portas, mesmo um grande conglomerado como a Warner teve de abandonar seu braço fonográfico (Warner Music Group) a própria sorte. Porém, na contramão desse processo existem pessoas como o ex-ministro Gilberto Gil, que libera a entrada de câmeras em alguns de seus shows e coloca avisos dizendo que era permitido filmar e por aí vai.

Essa é a idéia por trás do duplo c que simboliza as obras, em que o autor pode proteger alguns direitos e liberar alguns usos ou liberar todos os usos. No direito autoral tradicional não existe essa flexibilidade e a burocracia que separa o pessoal de um blog que quer disponibilizar um vídeo de uma editora alemã de conseguir efetivamente uma autorização expressa é, no mínimo, desestimulante.

O mercado de livros ainda não sofreu um colapso por causa da internet, mas sem dúvida já há perdas. Não sabemos ao certo o que vem por aí, mas eu me informaria melhor sobre novas formas de compartilhamento se tivesse um Google Books a rondar minha editora e digitalizando todos os livros que encontra pela frente.

Para falar sobre a publicação de livros em cc, deixo vocês com Ronaldo Lemos, representante do Creative Commons no Brasil.